Meu primeiro contato com Journey foi quando ele ficou gratuito para baixar no PS4, coloquei na biblioteca e simplesmente esqueci que ele existia. Em meio a tantas jogatinas frenéticas de Fall Guys, COD Warzone e até mesmo um pouco de Rocket League, o tempo foi passando, e Journey se tornou apenas mais um dos 79 jogos que eu tenho na biblioteca “para jogar depois”.
É engraçado como a gente tem várias opções do que jogar e acabamos indo para o conhecido, mais fácil, mais rápido… Aquele que sabemos que vamos nos divertir – ou passar nervoso – por horas.
Porém, um dia qualquer, eu estava enjoada de todos os mesmos jogos disfarçados de carcaças diferentes. Quanto tempo fazia que eu não jogava algo com uma história real? Bom… Joguei The Last of Us 2, mas tenho certeza de que eu não o faria se não conhecesse o jogo. Me bateu uma nostalgia sobre como era a vida antes dos jogos online existirem. Uma vida onde a sua jornada dependia apenas de você e um controle de videogame.
Então, fui em busca de um jogo diferente para começar e acabei me deparando com Journey. Um jogo com traços indefinidos, gráficos inferiores ao que estamos acostumados a ver nos jogos e que eu não conhecia nada sobre a história.
O jogo Journey e sua história
Journey é um jogo que foi lançado para Playstation 3 em 2012 e, posteriormente para Playstation 4 e PC. Foi desenvolvido por uma empresa independente e ganhou os holofotes por ser completamente diferente do que estamos acostumados a ver desde o surgimento dos jogos online.
Para entender Journey é preciso ir um pouco mais a fundo e entender o que seus desenvolvedores pretendiam com essa jornada incrível.
Já parou para perceber que, de uns tempos para cá, a gente acaba passando mais nervoso jogando online do que se divertindo? Pois é, quem nunca esteve muito próximo de conquistar um objetivo e acabou sendo prejudicado por outro jogador online? Quem nunca deu um “range” durante uma partida onde estava sendo humilhado por outro jogador? Foi desses sentimentos ruins que algo belíssimo nasceu, Journey foi criado para que um jogador ajudasse o outro durante a jornada, simples assim.
Qual a história de Journey?
Seu personagem não tem nome, muito menos voz, você não sabe exatamente para onde tem que ir, ou o que está acontecendo, algo te indica que você deve chegar ao topo de uma montanha. Os botões? Você consegue pular e emitir um pequeno som. Só isso.
Mas, o que tem de tão especial em um Journey se ele é tão simples?
O jogo Journey conta com uma bela trilha sonora e, mesmo que inferiores aos dias de hoje, os gráficos são impressionantes. Em diversos momentos você vai parar apenas para admirar as paisagens que mais parecem com pinturas muito bem feitas.
Eu vaguei pela areia de um deserto sem saber para qual lado deveria ir. Até que encontrei alguém igual ao meu personagem. No começo, fiquei desconfiada do que deveria fazer. Deveria me aproximar? Ele era do bem? Foi aí que ele fez um som, e veio na minha direção. Ao chegar perto de mim, fez novamente o som e eu vi que a capa que eu estava usando, se encheu de “energia”. Entendi que ele era do bem.
Foi assim, apenas emitindo os pequenos sons que um dos únicos botões do jogo possibilita, que eu entendi que deveria seguí-lo. Foi assim que eu encontrei o meu parceiro de jornada.
Em muitos momentos, você poderá explorar o grande deserto, ou uma dos outros cenários, sozinha. Não há problema nisso! Mas confesso que o jogo se tornou mais divertido quando eu encontrei meu parceiro. Seu nome? Eu nunca irei saber. Apenas nos comunicamos com o botão de som, e só.
Foi com ele que eu aprendi como voar usando a minha energia e entendi que se ficássemos perto um do outro, podemos restaurar a energia de cada um. Não, não havia microfones, nem caixas de texto para que entendêssemos tudo isso. Foi na simplicidade de movimentos e sons que entendemos para onde deveríamos ir, quando deveríamos esperar e o que deveríamos fazer. Apenas por pequenos sinais.
Foi aí, que eu percebi o quanto Journey era incrível e inovador.
Vale a pena jogar Journey?
Você se deparará com um jogo de apenas 2 horas e 40 minutos. Uma duração muito curta para quem está acostumado a zerar jogos de 30 horas. Mas isso faz com que o jogo se torne ainda mais especial. Journey é único e, mesmo que muitos outros jogos tendem roubar a essência da sua história, dificilmente chegarão aos pés do que foi essa obra de arte.
Porém, nem todas as obras de arte agradam aos olhos do público, e por isso pode ser que alguns não gostem do jogo, achem-o parado demais, sem objetivo.
Crítica do Jogo Journey
Mas se você é como eu e curte jogos diferentes da cartilha surrada que estamos cansados de ver nos jogos, com histórias cheias de crimes, traições, vingança e salvar a mocinha que foi raptada do castelo, Journey é um bom jogo para experimentar.
Você aprenderá que precisa do outro para concluir mais facilmente o jogo. Journey é um dos primeiros jogos da história que fazem com que a pessoa do outro lado da tela não tenha que ser um completo cuzão – com o perdão da palavra e sinceridade – para conseguir seu objetivo.
Um dos momentos mais críticos que a presença do seu parceiro é ideal, é no momento em que vocês caminham em meio a uma geada. Todas as esperanças de sobrevivência estão indo embora, mas vocês ainda tem um ao outro, emitindo sons de apoio para que vocês não desistam da caminhada. E isso é belíssimo e angustiante de assistir.
Journey não é um jogo previsível, você não sabe qual a história do jogo, seu objetivo apenas é atravessar a jornada, percorrer as fases com seu parceiro, evitar alguns poucos inimigos, libertar pedacinhos de pano que te dão energia ao longo do caminho. É um jogo exploratório, mas além disso, é um jogo sobre parceria.
Há algo neste jogo que te impulsiona a voltar e jogar novamente. Pode ser o tempo de duração curto, ou a vontade de conhecer novos lugares. Talvez você se sinta tentado a voltar para ajudar outros jogadores a passarem por essa jornada…
Sim, talvez esse seja o real motivo pelo qual, 8 anos após o seu lançamento, ainda existem pessoas entrando no jogo e ensinando os novos a atravessar o deserto e outras fases, pulando e se comunicando da forma mais primitiva possível, mas ao mesmo tempo tão fácil de compreender.
Quem Teve O Surto do Dia
- Eu sou a Fabi! Formada em Marketing Digital, com Pós Graduação em Psicopedagogia. Minha paixão é jogar vídeo games e falar sobre isso aqui no Surto do Dia, no Tiktok e as vezes no Youtube.
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