Dahmer: Canibal Americano

Jeffrey Dahmer e como a curiosidade mórbida pode afetar sua vida

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Como vocês estão cansados de ler aqui no O Surto do Dia, eu sou uma rata de séries novas da Netflix. Lançou série nova? Lá estou eu maratonando até ficar com uma crise existêncial e sem nada para assistir novamente.

Dessa vez a “série” escolhida foi Dahmer: Canibal Americano. E se arrependimento matasse, não é meus queridos?

Um pouco de contexto sobre a curiosidade mórbida

Eu sempre fui uma garota curiosa. Mas a minha curiosidade nunca foi para coisas boas. Você nunca me pegaria sendo curiosa em saber como a eletricidade passa pelos fios do poste, ou como funciona o sistema bluetooth, por exemplo.

A minha curiosidade sempre esteve voltada para filmes, histórias, vídeos de terror, crimes e afins. O por quê disso? Nem eu sei.

Por um tempo achei que era coisa de adolescente…

Já percebeu como adolescente ama assistir filme de terror dos mais trash possíveis? À medida que vamos crescendo acabamos sendo mais seletivos com as coisas que não vão deixar a gente dormir à noite.

A piada pronta pra mim é que a medida que amadurecemos, percebemos que o filme de terror é a vida adulta e isso já é o suficiente pra assustar todo mundo.

Mas tirando as minhas piadas sem graça… Percebo que essa curiosidade mórbida não passou à medida que eu cresci. Na verdade, enquanto eu me tornava uma “adulta”, percebi que a curiosidade me fazia buscar coisas cada vez mais sombrias.

Não entrando no mérito de nomes e sites, mas…

É importante falar que a sensação da curiosidade mórbida é uma das coisas mais loucas que você pode experimentar na vida (além de drogas, é claro).

Você quer muito ver algo, mas você sabe que vai se arrepender e que aquilo provavelmente vai te deixar mal / traumatizada por bastante tempo. Mas… você quer muito ver aquilo!

As pessoas te avisam, sempre tem um “conselho amigo”, não procure XPTO no Google.

O que você faz?

Procura XPTO no Google (e se arrepende depois).

Mas confesso que para mim… a curiosidade mórbida é algo que preciso controlar constantemente.

Como tudo começou?

Com a maldita da internet, é claro!

Sim, sem ela eu nem teria meu emprego. A internet é ótima, com certeza. Mas se você quiser usar algo para o mal, você vai dar um jeito de achar algum submundinho nos WWW’s da vida.

Eu comecei com as mensagens subliminares. Nossa, como eu tinha medo delas! Era o Alo Diabo da coca-cola, a poeira do Rei Leão que formava a palavra “sexo”.

Comecei a ficar com medo pois descobri naquele momento que tudo, absolutamente tudo, poderia ser criado para tentar incutir mensagens subliminares no seu inconsciente.

Eu sei que parece bobo.

Com o tempo, amigos de escola compartilhavam links e comentavam as coisas que não podíamos pesquisar no Google. Eu, uma adolescente – e por adolescente leia menor de idade – achei submundos esquisitos tão facilmente.

Lá na minha época – e sim, faz tempo pra caramba – era difícil ter um acesso assim rápido à sites daquele tipo. Eu fico imaginando o quão fácil deve ser hoje.

Como a curiosidade mórbida começou a me prejudicar?

Medo de ficar sozinha em casa, paranóias mil, achar que tudo era ruim ou do mal, choro, sensação de estar sendo perseguida. Esses foram apenas alguns dos sintomas que eu sofri e sofro até hoje.

A terapia provavelmente não tá em dia sobre isso, é claro. Mas essas são apenas algumas das coisas que a curiosidade mórbida pode causar em você.

Além do desejo incessante de querer continuar se alimentando daquelas coisas terríveis que você encontra na internet.

Eu cheguei em alguns momentos bastante ruins na minha vida por causa dessa curiosidade. Eu sabia o quanto aquilo iria me fazer mal, mas mesmo assim eu simplesmente não conseguia dormir sem saber exatamente o que era.

A minha desculpa sempre foi: “a minha imaginação é muito pior do que a realidade, então prefiro ver do que imaginar o que seja”.

Até que chegou em um ponto extremo.

O problema dos vícios em qualquer coisa

Você já deve ter percebido, ou ao menos ouviu falar, que uma pessoa viciada em algo, sempre vai aumentar a dose ou procurar coisas cada vez piores, uma vez que o básico já se tornou cotidiano na vida da pessoa.

Isso acontece com pornografia, filmes de terror, vício em alcoolismo e tantos outros.

Eu me recuso a dar nomes dos sites ou fazer sequer uma menção ao que eu vi. Mas foram coisas tão ruins que até hoje sinto que perdi um pedaço da minha alma vendo aquilo.

Foram dias, semanas me sentindo um lixo. Mas algo dentro de mim continuava pedindo por mais.

Chegou em um ponto que eu passava praticamente todo momento que eu estava acordada consumindo esse tipo de conteúdo.

O resultado?

Andava pelas ruas com uma faca no moletom, olhando para os lados e para trás o tempo todo. Com uma certeza absoluta de que eu estava sendo perseguida por alguém ou que algo muito ruim iria me acontecer.

Uma fuga da realidade

Algumas pessoas buscam coisas boas para fugir da realidade.

Eu buscava coisas piores do que a minha própria vida.

Em determinado momento eu precisei fazer uma colonoscopia e coloquei na minha cabeça de que coisas terríveis aconteceriam comigo uma vez que fosse anestesiada.

Acredito que esse foi um dos momentos que percebi que eu precisava dar um jeito nessa curiosidade.

Mas a gota d’agua foi um site específico. Só de lembrar seu nome eu tenho calafrios.

Se eu gostaria de entrar naquele site novamente? Sim, eu penso nisso quase que todos os dias. Eu entro nele? Não, nunca mais pretendo entrar.

Aquele pra mim foi o fundo do fundo do poço. Lembro que eu estava no meu trabalho enquanto navegava por ele. Fiquei tão mal que simplesmente parei de falar com todos à minha volta.

Contei – em prantos – para algumas pessoas de confiança o que eu havia visto. Nenhuma delas sequer entendia por que eu havia navegado por aquele pesadelo.

Pra mim, sempre foi um desafio. Suportar ver aquilo. Endurecer meu coração que sempre foi e ainda é muito mole.

Depois disso eu comecei a me policiar sobre a curiosidade.

Então, eu venci a curiosidade mórbida?

Definitivamente não.

As vezes eu caio na tentação de buscar uma coisa aqui ou ali que acabo ouvindo falar.

Com o tiktok, isso piorou bastante. Vários criadores gravam vídeos sobre o que não pesquisar no Google. Filmes que você não deve assistir e por ai vai.

Acredito que uma das últimas coisas que pesquisei foi sobre Marianna’s Web, algo sobre uma camada abaixo da Deep Web.

Quando eu comecei a ver que o assunto voltaria a ficar tão pesado quanto eu já tinha vivido, deixei de lado.

Mas todo dia alguma coisa pode aparecer para você assistir, acessar…

E onde Dahmer: Canibal Americano entra nessa história?

Depois desse sermão da montanha, chegamos em Jeffrey Dahmer, a série número um da Netflix no momento que escrevo este artigo.

Nas minhas piores épocas, passava muito tempo assistindo youtubers que falavam sobre True Crime. Demorei para assimilar que eu conhecia o rosto de Dahmer de um dos milhares de vídeos que eu já tinha visto.

Como não conseguia lembrar muito bem da história, me surpreendi e me choquei novamente com tudo que foi mostrado na série.

A série conta a história dos 17 assassinatos que Jeffrey Dahmer causou e como ele se livrava dos corpos. E por si só já é extremamente pesada e até agora me pergunto pra que uma série sobre isso.

Mas não é só isso que a série mostra. Ela mostra os constantes erros e preconceitos policias da época – e que infelizmente se repetem nos dias atuais.

Mostra o descaso com pessoas vulneráveis e como homens brancos de olhos claros podem se safar de quase qualquer coisa, em qualquer lugar do mundo.

Por ser uma série que conta um caso real, muitos vídeos ressurgiram na internet, mostrando como o ator atuou bem se comparado com as filmagens do monstro de verdade.

E com isso… mais e mais vídeos mostrando fotos, depoimentos e sofrimento real.

Vale a pena assistir Dahmer: Canibal Americano?

Não.

Eu não recomendaria essa série nem para meu pior inimigo.

Sim, ela é bem criada. O ator que interpreta Jeffrey foi muito bem construído e desempenhado. Os cenários utilizados são fiéis a realidade.

Mas não podemos esquecer de que aquele é um relato de uma história real. Que não só as 17 famílias, mas os vizinhos do monstro estão até hoje sofrendo os danos causados.

Danos dos quais os canais de TV e Streamings adoram mostrar com riqueza de detalhes.

São 10 episódios. Chegando no 6 episódio você vai ter a sensação de que não aguenta mais, mas mesmo assim você precisa terminar de assistir. Você precisa acabar com isso logo!

E então você chega nos segundos finais da série só para constatar que agora você tem que viver sua vida sabendo que um monstro como aquele existiu. E provavelmente muitos outros monstros existiram e existirão.

Acabando com a hipocrisia

Um pouco de curiosidade é bom. Assim como a sensação de medo nos faz evitar determinadas situações que podem nos causar mal.

Eu não estou aqui para tentar fazer você mudar de ideia em relação aos true crimes, sabe?

Quer assistir, assista. É isso.

Quando eu terminei de assistir Dahmer: Canibal Americano, prometi para mim mesma que não assistiria mais nenhuma série ou documentário desse tipo.

E vou te contar uma coisa… Esses documentários são algo que eu gosto demais. Mas ao mesmo tempo, os últimos que vi têm me feito chorar e me sentir um lixo. Será que tem valido a pena no final das contas?

Sinto que é minha obrigação como uma pessoa que cai constantemente em tentação, alertar que esse não é um comportamento saudável.

Quando a sua curiosidade mórbida bater, tente se lembrar da sensação que você teve depois. Aquela sensação de que você perdeu parte da sua inocência, da pouca alegria que você tinha para viver.

É assim que eu penso todos os dias. Mas nem todos os dias esse pensamento funciona.

Se você quiser conversar sobre esses sentimentos, deixe uma palavra aqui nos comentários, vamos tentar nos ajudar sobre isso.

Quem Teve O Surto do Dia

Fabiane Sutiak
Fabiane Sutiak
Eu sou a Fabi! Formada em Marketing Digital, com Pós Graduação em Psicopedagogia. Minha paixão é jogar vídeo games e falar sobre isso aqui no Surto do Dia, no Tiktok e as vezes no Youtube.

One Reply to “Jeffrey Dahmer e como a curiosidade mórbida pode afetar sua vida”

  1. Eu assisti até tranquilo, sei que é algo horrendo , porem não faz parte da minha vida então n tenho que me preocupar, essas séries não me afetam a ponto de ter paranoias ou seila.

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