Passar por momentos difíceis nunca é bom, mas algumas pessoas são abençoadas com irmãos que podem ajudar a compartilhar a dor e preocupações. Vejo muitos artigos falando da solidão das pessoas de modo geral, mas não com tanta frequência assim vejo artigos falando sobre a solidão da filha única.
Algo que, para o meu azar, eu sou.
Eu já escrevi sobre a crise dos 27 anos e como ela afetou e ainda afeta a minha vida, hoje eu quero falar sobre este outro assunto tão importante quanto.
Sobre ser filha única
Quando mais nova, talvez você não sinta o peso gigantesco da solidão que é não ter alguém para brincar, afinal de contas você não vai querer dividir os seus brinquedos, certo?
Com isso, sinto que o filho único acaba desenvolvendo um certo egoísmo, uma dificuldade em dividir e principalmente, uma facilidade enorme em se excluir e resolver tudo sozinho sem pedir ajuda.
É que o filho único acaba crescendo rápido demais, torna-se seu próprio melhor amigo. Brinca sozinho, cria amigos imaginários para ter com quem conversar durante o dia, enquanto seus pais ou adultos responsáveis estão ocupados demais para lhe dar atenção.
O problema principal de ser filha única começa a surgir na infância, a sobrecarga de ser o filho prodígio, o orgulho da família, tudo isso é bastante real. Mas quando somos crianças, meio que não sabemos das consequências das coisas que estão sendo feitas para ou por nós. É só quando crescemos que acabamos por perceber o quão destruídos estamos pelos padrões em que fomos criados no passado.
E tem muito mais por vir.
A verdade brutal sobre ser filha única
Fica nas suas costas prolongar a história da sua família. Se você não casar e ter filhos, seu sobrenome morrerá com você. Assim como ninguém mais se lembrará das histórias, tradições, enfim da sua família por inteiro.
Não casar e não ter filhos pode facilmente significar que, quando você for idoso e precisar de ajuda, não terá um irmão que irá até a sua casa te socorrer. Muito provavelmente você ficará na dependência de vizinhos e estranhos, na torcida de que notem que você precisa de ajuda, que caiu e se machucou.
Sabe quer a sua velhice provavelmente será tão mais solitária do que a sua infância e adolescência, certamente é a parte mais dolorosa de ser um filho único.
Isso, é claro, sem contar com o fato de que é você que terá que lidar com a doença dos seus pais. Levá-los para exames, cirurgias e todos os outros cuidados até o fim. Eles vão ficar dependentes física, emocionalmente e muitas vezes financeiramente de você.
Não existe aquele irmão mais bem sucedido que vai te ajudar a pagar uma enfermeira para cuidar dos seus pais. Muito provavelmente, se você não tiver dinheiro suficiente para isso, a enfermeira terá que ser você!
Sair de casa é um problema gigantesco
Você vai sentir uma constante culpa por “abandonar” seus pais para viver a sua vida.
Por mais que eles não coloquem essa culpa em você, o que grande parte dos pais faz, você vai sentir que está deixando eles sozinhos. A coisa piora 1000% se você só tiver sua mãe ou só seu pai. A sensação de abandono é muito maior.
Bem, eu sinto isso diariamente. Até mesmo quando vou fazer uma das minhas raras viagens para perto de São Paulo (até por que, ir muito longe pode ser problemático de várias formas), eu me sinto culpada.
Afinal… E se algo acontecer? Eu não estou perto o suficiente para socorrer, para chegar na casa da minha mãe em 5 minutos, se ela precisar de mim.
Então, você meio que acaba vivendo tudo pela metade. Sempre na péssima expectativa pelo pior.
Com o avanço da idade dos seus pais, as ligações que você receber deles acabam te dando crises de ansiedade.
Eu sinto isso na pele. Ligações muito de manhã ou tarde da noite definitivamente são sobre alguma coisa ruim. Que provavelmente vai mudar o rumo do seu dia / semana. Que você vai precisar fazer caber no seu dia a dia para resolver de alguma forma.
Ser filho único significa que você está por conta própria
Eu nunca vou conseguir entender o que é o amor de irmão. Ou ter alguém que te defenda na escola se precisar. Isso simplesmente não existe para um filho único.
Você está por conta própria para resolver qualquer problema que aconteça com você, com seus pais. Enfim, é você por você.
Mesmo que você tenha tios, primos, etc. Não é a mesma coisa. As preocupações e cuidados que uma família de primeiro grau teria com você, não vai ser a mesma que primos terão. Uma hora ou outra as pessoas acabam se afastando e vivendo suas próprias vidas.
Filhos únicos são menos sociáveis
Não é regra. Mas normalmente um filho único não consegue ter ou manter amizades por muito tempo.
Somos independentes, aprendemos a ser assim desde cedo. Raramente pedimos ajuda, mesmo quando precisamos de ajuda. É solitário todos os dias.
Filhos únicos amadurecem mais rápido
Somos tratados como adultos pelos nossos pais desde cedo. Eu não tenho uma explicação científica para isso. Mas posso falar da minha experiência.
Ouvir assuntos de adulto, conversar com eles como se fôssemos da mesma idade. Enfim, participar do dia-a-dia dos adultos e achar que você faz parte deles.
No começo eu achava isso bom. Me achava madura e diferente das outras crianças boba e burras. Hoje eu entendo que eu não precisava e nem sabia administrar tudo que eu vi, ouvi e vivi como uma filha única que amadurece cedo. Você precisa respeitar o amadurecimento, a inocência da criança. Muitas vezes isso é tirado a força do filho único, que precisa estar do lado dos pais vivenciando cada problema, sem conseguir dividir esse peso com ninguém.
Existe uma maneira de solucionar a solidão de um filho único?
Existe uma maneira de solucionar a solidão?
Não existe uma conclusão ou moral da história para este artigo, são apenas reflexões do que está por vir. Uma vez que sou filha única e não pretendo ter filhos. Minha mãe já é uma senhora de idade e já depende bastante de mim.
Também tenho dificuldade em ter e manter amigos, sinto que me esforço muito, mas no final parece sempre que eu estou correndo atrás e ninguém se lembra que eu existo.
A minha recomendação para você, filho único, é que tente juntar o máximo de dinheiro possível para poder cuidar financeiramente dos seus pais quando eles precisarem de você e, eventualmente, quando você precisar de cuidados, conseguir pagar por isso.
Quem Teve O Surto do Dia
- Eu sou a Fabi! Formada em Marketing Digital, com Pós Graduação em Psicopedagogia. Minha paixão é jogar vídeo games e falar sobre isso aqui no Surto do Dia, no Tiktok e as vezes no Youtube.
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