O jogo The Last of Us 2 foi lançado em 19 de Junho de 2020 e causou diversas polêmicas desde muito antes da sua estréia. A começar pelos spoilers vazados do jogo um mês antes e, quando você achou que nada podia piorar após isso, tenho uma notícia não tão agradável: as surpresas ruins estavam só começando para TLOU2.
Até o momento, The Last of Us 2 já teve milhares de críticas negativas feitas por usuários no site Metacritics, uma plataforma que indica a qualidade de história, gráficos e jogabilidade de um game. Mas o pior ainda está por vir. Recentemente, a atriz que serviu de modelo para Abby está sofrendo ameaças de morte pela internet. Mas porquê isso está acontecendo?
Quando eu digo que The Last of Us 2 colocou muito marmanjo para chorar, falo isso com a maior sinceridade de uma fã do primeiro jogo e, com toda certeza, de todos os jogos produzidos pela Naughty Dog. Até mesmo eu tive sentimentos controversos jogando The Last of Us 2. Posso dizer que esse jogo (que parece muito mais um belíssimo filme) me fez pausar, largar o controle e refletir sobre a vida. Caso você tenha jogado, acredito que saiba dos sentimentos controversos que eu estou falando.
The Last of Us 2 é ruim!
Não vou dizer que The Last of Us 2 é bom, muito longe disso. Este jogo não é nada parecido com o que estamos acostumados a jogar. Não espere que a personagem principal enfrente todos os desafios impostos e viva feliz para sempre. Não espere que nada dê certo (afinal, o que é dar certo?). The Last of Us 2 é uma dose de remédio agridoce que a Naughty Dog nos faz engolir durante, mais ou menos, 30 horas de duração. Um remédio que ao mesmo tempo que dói, nos faz curar.
Sim, The Last of Us 2 é ruim. Ele nos faz enxergar que cada vilão é o herói da própria história e, para falar a verdade, não existem vilões, apenas sobreviventes em um mundo pós-apocalíptico.
Dói ter que engolir – SPOILERS A FRENTE – a morte de um dos mais queridos personagens dos games da última década. Dói esperar tanto tempo pela continuação de uma história para que, nos primeiros 30 minutos de jogo, Joel morra de forma tão dolorosa, cruel e impiedosa. Dói saber que alguém – mesmo que numa história fictícia – não goste do nosso tão querido e amado protagonista.
Ver a morte de Joel nos faz querer apenas uma coisa: Vingança.
A vingança é suficiente para aliviar a dor da alma?
Por mais clichê que possa parecer, sabemos que a vingança nunca vai nos levar a nada. Estamos cansados de ver isso acontecer em filmes – e até mesmo na vida real. Uma pessoa que luta com unhas e dentes para se vingar e ao conseguir sua tão esperada e desejada vingança… Percebe que ainda sente-se vazio por dentro. Incompleto, insatisfeito.
É essa uma das principais mensagens que The Last of Us 2 tenta nos passar o tempo todo.
Você vai desejar vingança, mas foi para se vingar de Joel que toda essa história começou. E isso cria um ciclo de mortes, dor e sofrimento.
Uma coisa é certa: Você vai desejar acabar com a raça de Abby por ter matado Joel, nosso querido e amado personagem.
Você vai querer desligar seu Playstation 4 assim que descobrir que você terá sim que jogar com Abby e conhecer sua jornada. Você vai odiá-la, assim como qualquer fã da história odiou.
Aliás, me surpreende saber que os fãs de The Last of Us Parte 1 tenham detestado que Ellie não tenha conseguido se vingar de Abby. Falaremos mais disso daqui a pouco.
Como é jogar com Abby em The Last of Us 2
Controlar Abby em The Last of Us 2 é um constante aprendizado. Começamos por querer controlar a nossa raiva dela por ter feito o que fez.
Em seguida, você vai entender mais sobre seu passado e – com toda certeza do mundo – vai pensar que não, você não vai ter dó ou pena daquela que matou Joel e fez Ellie sofrer.
Depois, você vai perceber que Abby não é assim tão má. Inclusive, ela surpreende à todos ao salvar Yara e Lev de uma seita religiosa.
E você vai querer controlar Abby para achar medicamentos e salvar Yara.
Caso você não tenha – no mínimo – simpatizado com Abby em sua saga para salvar Yara e ajudar Lev… Sinto muito, talvez seu coração esteja cego pelo ódio da morte de Joel.
Jogar com a Abby é sentir um misto de emoções confusas e inexplicáveis. É entender a vilã e conhecer a heroína que há nela. É entender que ela quer fazer justiça pela morte de seu pai. Um médico que poderia achar a cura para os infectados.
Quem odeia a Abby me faz questionar apenas coisas em nossa humanidade. Quem não desejaria vingança pela morte do seu pai? Você perdoaria Joel se entendesse seus motivos?
Por que Ellie não mata Abby em The Last of Us 2?
A perseguição de Ellie e Abby é árdua. Ambas passam por diversos perrengues e tem que matar e fugir de muitos inimigos, infectados ou não, para tentar cumprir com a sua vingança. Falar desta história de mais de 30 horas em apenas um texto seria minimizar a grandeza de uma obra de arte.
Após a cena da morte de Joel, tudo que queremos é encontrar Abby e fazer justiça. E nosso objetivo nos leva a fazer coisas questionáveis, como matar animais, percorrer uma cidade inteira, cheia de infectados, atravessar um mar revolto e matar pessoas que se imponham no nosso caminho.
Controlamos Ellie cegos pela vingança e sede de sangue. Não nos importamos com nada, uma vez que os fins justificam os meios. Estamos prontos para enfrentar as piores criaturas que sejam colocadas no nosso caminho. Estamos prontos para matar qualquer grupo de pessoas que passe na nossa frente.
Porém, ao chegar no Aquário – o suposto lugar onde Abby estava – Ellie comete uma atrocidade tão grande que a fez cair na realidade de seus atos. O assassinato de Mel, uma médica grávida.
Sim, provavelmente Ellie lembrou-se de Dina naquele momento, uma vez que Dina está grávida também. Ellie pode ter visto que toda aquela matança só faria com que mais pessoas viessem atrás de vingança e que isso nunca iria acabar. Por isso, decidiu parar de seguir Abby e voltar para Dina e seus amigos em Jackson.
As consequências dos nossos atos
É difícil não cair em um outro clichê ao dizer que você colhe aquilo que planta. Mas a verdade é que você não conseguirá receber outra resposta a uma ação se tudo que você dá é ódio, dor e sofrimento. Por isso, Abby vai atrás de Ellie para vingar a morte cruel de todos os seus amigos.
Ao colocar numa balança – pensando de maneira muito fria – Abby perdeu muito mais que Ellie. Abby perdeu absolutamente tudo. Ela lutou contra seu próprio grupo de sobreviventes chamados de Lobos. Contra o grupo dos Serafitas (ou Cicatrizes) e contra os mais diversos e assustadores infectados. Ela perdeu seu pai, viu a morte de seus amigos e de seu amor, percorreu uma cidade inteira para salvar Yara. Para vê-la morrer injustamente nas mãos de um grupo religioso.
Abby tinha toda a razão de querer a morte de Joel e de Ellie. É tudo uma questão de perspectiva.
Ao final, quando Abby acha Ellie, você pode até mesmo não querer que Ellie morra. Mas tenho certeza que você pode ter pensado o quanto ela foi uma babaca por agir da forma que agiu e que estava pagando as consequências de ter ido atrás de vingança.
Abby e Ellie são duas personagens injustiçadas pela vida. Ambas perderam muito, ambas tiraram muito uma da outra.
Odiar Abby e querer que Ellie tenha a sua vingança é ser totalmente parcial dentro da história e, tenho certeza absoluta, que você estaria 100% do lado de Abby se o primeiro The Last of Us tivesse sido mostrado em sua perspectiva e não na de Joel e Ellie.
A imparcialidade que o jogo nos deixa, aquele famoso em cima do muro onde não queremos que nenhuma das duas morra, é o que faz deste jogo um dos mais revolucionários no quesito história.
Por que mataram Joel?
É óbvio que para justificar a jornada de Ellie, The Last of Us 2 precisaria impactar seus jogadores. E não há nada mais motivador que matar um personagem querido por todos, de uma maneira até então injusta.
Porém, não pense que você não terá a oportunidade de ver um pouco mais sobre Joel e sua vida em Jackson. Os flashbacks dos momentos de Ellie e Joel são incríveis e fazem lágrimas escorrerem involuntariamente dos nossos olhos.
Os argumentos usados pelos fãs de Joel para negativar as notas de The Last of Us 2 são justamente o descuidado que Joel teve ao confiar em uma estranha em um momento tão delicado. O Joel de The Last of Us parte 1 nunca confiaria ou diria seu nome verdadeiro para uma desconhecida. Ele não seria tão negligente quanto foi no segundo jogo.
Mas, se serve de algum consolo, a minha teoria para que Joel tenha se descuidado é justamente o fato dele ter envelhecido e, principalmente, achado uma comunidade da qual não precisaria mais ficar na defensiva o tempo todo. Aliás, seria hipocrisia da minha parte dizer que conseguimos ficar 100% alertas o tempo inteiro.
Em The Last of Us 2, Joel estava em outro momento de sua vida. Não estava mais contrabandeando cargas, mas sim dando aulas de violão para os moradores de Jackson. O seu radar de perigo pode ter sido afetado por viver em um lugar seguro e não precisar mais ficar fugindo.
Você tem que concordar comigo que Joel foi egoísta ao decidir que Ellie viveria ao invés de achar uma cura para a humanidade. E sinceramente? A frustração que muitos sentiram com a falta da vingança de Ellie com Abby, também poderia ter sido sentida durante o primeiro jogo, onde percorremos uma cidade inteira, matamos um monte de infectados e humanos para, no final de tudo, não cumprir com o nosso objetivo. Que era entregar Ellie para servir como cura.
Então… Por quê as pessoas odiaram The Last of Us 2?
É muito simples chegar aqui e listar todos os motivos pelos quais The Last of Us 2 não agradou aos fãs. Porém, penso que um jogo que agrada a todos é o pior tipo de entretenimento que poderíamos ter. É linear e óbvio e não deveríamos esperar por isso. Não deveríamos nos acomodar com aquilo que não nos gera incômodo físico, visual ou mental. E The Last of Us 2 é perfeito para nos causar desconforto na alma.
Os motivos pelos quais as pessoas não gostaram de The Last of Us 2? Além da morte de Joel, muitas pessoas sentiram-se extremamente incomodadas com alguns posicionamentos que o jogo faz durante a história. Mas os principais fatores são dois: Ellie ter um relacionamento com Dina e as críticas à grupos religiosos que matam cruelmente pessoas que pensam de forma diferente da deles.
Se tem uma mensagem que The Last of Us 2 deixou é que a representatividade incomoda. Não queremos ver uma mulher se virar sem a ajuda de um homem. Seja ele na figura de um pai ou um namorado. Não queremos ver que até mesmo no final do mundo que conhecemos, pessoas do mesmo sexo podem se amar e querer ser felizes. Não podemos aceitar que Abby seja durona e musculosa, pois isso agride aos olhos das pessoas que não consideram que isso seja “um corpo normal e atraente”.
Sobre o grupo religioso, a crítica também é clara. Mesmo no final do mundo ainda existirão pessoas que vão querer te matar pela forma como você se sente, pensa e age. Lev, irmão da Yara, é um ex-Serafita. Ele foi expulso e estava sendo caçado pois se descobriu transexual e seu grupo não poderia aceitar isso.
Talvez você não tenha empatia pelo que Lev esteja passando. Mas eu me coloquei em seu lugar quando soubemos que até mesmo a mãe de Lev poderia matá-lo por não aceitar a sua identidade de gênero. E isso é sim um assunto atual que continua nos assombrando.
A religião mata que não está de acordo com o que eles querem. Seja nos dias de hoje ou no mundo pós-apocalíptico.
É incrível como até mesmo no fim do mundo as pessoas sejam tão pequenas e antiquadas ao pensar que detém o poder de mandar em quem você é e com quem você se relaciona.
Entendendo o final de The Last of Us 2
Sim, o final de The Last of Us 2 poderia ter sido no momento em que Ellie e Dina estão em sua casa na fazenda, sendo felizes e normais. Esquecendo que houve um apocalipse lá fora. Ouvindo música, cuidando de seus animais e filho. Sim, eu disse filho.
Uma das cenas que fizeram muitos marmanjos chorarem é que Dina e Ellie criaram o filho que Dina teve com Jesse, imagina a cara dos homofóbicos vendo aquilo?
Tudo teria sido maravilhoso e emocionante se tivesse acabado desta forma.
Porém, Tommy o irmão de Joel, aparece e diz que encontrou a localização de Abby e instiga Ellie a continuar a sua saga pela vingança. A presença de Tommy faz com que Ellie relembre toda a dor e pânico de ver Joel morrer na sua frente e não conseguir impedir. Isso é o bastante para fazer com que ela esqueça de tudo que passou e vá atrás de Abby novamente.
Um parênteses aqui, Dina defendendo a Ellie de Tommy foi sensacional e não esperava aquela reação dela. Mostra claramente que ela não está interessada em continuar o ciclo de vingança e quer seguir com a vida que tem agora.
Dina e Ellie são uma família agora. Elas possuem uma casa, um filho e uma vida. Dina deixa bem claro que não ficará esperando eternamente que Ellie volte após a sua vingança, pensando todos os dias que ela pode ter morrido por um infectado ou um humano. Ellie tem que fazer uma dura escolha. Ir em busca de Abby e perder tudo ou ficar com Dina e tentar conviver com a culpa de não vingar a morte de Joel.
E é lógico que Ellie, descabeçada e influenciada pelo ódio de Tommy, decide encontrar Abby.
Não posso dizer que a decisão de Ellie foi completamente errada. É realmente difícil perdoar alguém, principalmente quando esta pessoa nos tira algo ou alguém que amamos. Na verdade, é até interessante pensar que se Ellie não tivesse ido em busca de Abby, provavelmente Lev e Abby teriam morrido nas estacas. E apesar de não concordar com Ellie buscando vingança, fiquei “feliz” de saber que pelo menos ela salvou Abby daquele final horrível.
A luta de Abby e Ellie é desesperadora, triste, agoniante. Bem como o primeiro embate das duas. É o tipo de luta que você não gosta de assistir e não quer que ninguém perca. É terrível viver aqueles momentos.
No final, Ellie está quase “ganhando” – mesmo após ter dois dedos arrancados durante a briga, quando ela vê um flashback de Joel e acaba desistindo de terminar sua vingança, deixando Abby ir embora.
No final, Ellie volta para a fazenda onde estava morando com Dina e percebe que ela foi embora – como havia dito que faria. Ao tentar tocar violão, Ellie não consegue por causa dos dedos que foram arrancados durante a briga de Abby. Por fim, ela deixa o violão de lado e vai embora.
Ela foi consumida pela vingança e acabou perdendo tudo.
Vale a pena jogar The Last of Us 2?
Acho que o principal problema das pessoas que não gostaram de The Last of Us 2 foi esperar mais cenas com Joel e ele ter sido morto brutalmente logo no começo. Além disso, os flashbacks mostram mais uma parte da vida de Joel e Ellie onde ele não precisava mais ser o durão, ele estava apenas sendo o “pai” de Ellie, o cuidador.
Todos estavam esperando um pouco mais da história de Joel, uma vez que ele se tornou um personagem tão forte e querido dos games. Porém acho que as pessoas estão falhando um pouco em entender que Joel precisava morrer para que a história acontecesse de fato.
Nem tudo é como gostaríamos que fosse, por isso que a vingança de Ellie não sai nada como esperado e ao final, ela perde tudo que havia conquistado. E é difícil aceitar um destino do qual não queríamos.
Também podemos falar que as pessoas não gostaram do fato de Ellie claramente ter um relacionamento com Dina. Não há muita coisa a ser dita aqui. As cenas românticas com Dina totalizam 12 minutos dentro de um jogo de 30 horas. Acho que não deveria incomodar tanta gente assim né?
Me incomoda mortalmente as pessoas falando que é um jogo lacrador… Honestamente, falar sobre problemas atuais como homofobia, transfobia e abuso de religião, não deveria surpreender tanto os gamers. Também acho curioso o fato de que os gamers, nerds e geeks sempre foram tão maltratados pela sociedade, e no momento em que eles podem abraçar uma outra minoria, decidem fazer o oposto disso e tentar boicotar um jogo tão incrível quanto TLOU2.
E por fim, um dos principais pontos que podem ter decepcionado os fãs é que Ellie não conseguiu cumprir com sua promessa de vingança. Mas seria justo com Abby? Seria justo com o pai de Abby que estava apenas tentando achar uma cura? Será que Joel não estava errado e sendo egoista por querer que Ellie vivesse?
Confesso que The Last of Us Parte 1 não teve o final que eu esperava. Veja bem… Um jogo inteiro atravessando a cidade para levar Ellie para o objetivo final, lutando contra humanos e infectados para que na hora H, Joel decida que não. Não teremos a cura. Decepcionante? Não! Completamente compreensível e surpreendente, assim como The Last of Us 2.
Vai ter um The Last of Us 3?
Seria muito fácil fazer um The Last of Us 3, ou até mesmo uma DLC mostrando um pouco mais de Joel, por exemplo. Quem sabe assim as pessoas parassem de ser tão chatas com The Last of Us 2.
Também seria legal explorar um pouco mais da história de Abby e Lev em busca dos Vagalumes ou até mesmo Ellie buscando uma forma de se tornar a cura sem precisar morrer.
Honestamente, ainda espero que The Last of Us 3 aconteça para que Ellie e Dina fiquem juntas, afinal sou romântica até o fim e custo a aceitar que Ellie perdeu absolutamente tudo, pois ela não merecia isso.
Para os fãs, resta esperar que a Naughty Dog nos presenteie com uma sequência inesquecível deste jogo que mexe com o nosso emocional.
Quem Teve O Surto do Dia
- Eu sou a Fabi! Formada em Marketing Digital, com Pós Graduação em Psicopedagogia. Minha paixão é jogar vídeo games e falar sobre isso aqui no Surto do Dia, no Tiktok e as vezes no Youtube.
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